quarta-feira, 2 de maio de 2012

A TRAÇOS LARGOS

2011-2012.A crise.Que futuro?
A  traços largos aconteceu assim.Uma História ao jeito de conto em que as personagens somos todos nós .E cada um.
Remontemos,pois,ao milénio anterior.Ouvindo falar tão repetidamente em milhões,um milhar e uns tantos torna-se pouco.Uma ninharia... mesmo tratando-se de tempo.
Analisemos,então,o Território Portucalense que Condado é termo genérico.Vejamos que a ambição de reconstruir os Estados Ibéricos,herdados por Afonso VI de Leão de seu pai Fernando Magno,perante a investida dos Almorávidas,o fez entregar a defesa da Linha do Tejo a Henrique de Borgonha.
Crise de unidade,
Afonso Henriques,jovem cavaleiro de catorze anos,insurgiu-se contra a mãe e Fernão Peres de Trava,poderoso nobre galego,decidido a anexar o território,
Crise de soberania.
Talvez tivessem sido suficientes estes confrontos para a formação de um país pequeno como Portugal..Faixa rectangular banhada pelas águas azuis do Atlântico.O clima é ameno mas a alma da Nobreza victoriosa apelou à conquista de terras a ao saque.Pela 1ª dinastia passou o "Milagre das Rosas",lembrando a fome que o povo sentia.Que fome é falta de pão para o corpo e para o espírito.Foi,também, escrita uma tão bela quanto triste página de amor:a de Pedro e Inês.E fechando o ciclo a Monarquia hereditária sobe ao trono D. Fernando.Morre de peste.
Crise de sucessão.Crise de Independência.
Entramos,assim, na Idade Moderna.periodo áureo do qual todos nos orgulhamos.Foi o contributo civilizacional, inter e intra cultural que oferecemos ao mundo.Mas enquanto as nossas caravelas sulcavam mares desconhecidos faltavam braços para trabalhar a terra."Oh mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal" escreveu Fernando Pessoa.A rota cumpriu-se.O mercado também.
Aconteceu uma crise de investimento.
D.Sebastião demasiado jovem para ouvir a leitura de "Os Lusíadas"na romântica paisagem de Sintra,enriqueceu-se de sonhos imponderados. Legou-nos a lenda do "Encoberto" ou "Desaparecido".Pesada herança.Do nevoeiro,surgiria ,sem esforço,outra página escrita de memórias gloriosas.
Crise da saudade.
Foi preciso encontrar uma solução.A saudade é retrospectiva.Resolvemos voltar ao mar rumo ao abandonado Brasil.A riqueza voltou,também no tráfego de escravos,açúcar,ouro ,tabaco.Construiram-se monumentos ornamentados de talha dourada.Séculos ,depois, José Saramago escreveria o "Memorial do Convento".
A História é ciclicamente convulsa.Culpou-se a Monarquia dos ataques externos.A Casa Real tinha os dias contados.Deu-se o Regicídio.
Crise de regime.
A 1ª República começou de forma atribulada, instável.Oliveira Salazar foi convidado para Ministro das Finanças.Tendo o próprio saído de uma grave "crise amorosa"dedicou-se ao serviço público de mente e coração.Preencheu quarenta anos de um regime ditatorial e colonialista.A Guerra do Ultramar esgotou os portugueses.Salazar "caiu da cadeira".Marcelo Caetano,apesar de conversar em família não estancou o recrutamento de tropas.
Crise de ditadura.
O golpe de Estado chamado Revolução dos Cravos deu-se a 25 de Abril.Foi grande a expectativa.A esperança.Os presos políticos foram libertados.Acreditou-se na democracia.Ao nascer na Grécia Antiga foi constituída exclusivamente por cidadão.Contágio?
Instalou-se a confusão.Os governos sucederam-se.A união Europeia criou contornos de utopia.O euro tornou-se a moeda única dos seus estados membros.Os mercados destabilizaram.O desemprego instalou-se de forma crescente na sociedade.Tornou-se insistente a palavra austeridade.Soa a desgraça.A economia não adivinha crescimento.A pobreza alastra perante a dura indiferença do poder.
Estamos em 2012.Atravessamos uma crise grave e informe. Que futuro?